Fenda - 2017

Esta é a mais recente montagem teatral do GITA desenvolvida a partir da obra indutora "Rei Lear", de Willian Shakespeare. Com estreia marcada para acontecer por ocasião da Semana GITA 2017, fará temporada de apresentações de 11 a 15 de Outubro.

O caminho parecia sem fim, repleto de bifurcações que se multiplicavam desordenadamente para compor uma paisagem rizomática, capaz de assustar qualquer andarilho experiente. Ainda assim elas seguiram em frente; ora passos firmes e decididos, ora o flanar desinteressado e desinteressante. Dez pés descalços desbravando o caminho de ninguém, seguindo por trilhas desoladas no anseio de encontrar refúgio para suas próprias incertezas. Dez pegadas atravessam o reino soturno do monarca que um dia ousou brincar de ser bobo. E assim, de pés despidos, avançam sem trégua até alcançar o oráculo do trovão. Diante dele a impiedosa sacerdotisa entoa seu canto agourento para abrir mais uma vez os portais. Uma vez abertos, todo o ímpeto que havia sido tolhido durante a extensa jornada é liberado e se transforma numa grande celebração às Deusas: é a dança da tempestade acordando e fertilizando o árido solo que por muito tempo ficou sob o jugo da falocracia; dança que sacode a terra, dança que purifica o solo, dança que liberta das cavernas, dança que deixa as cavernas em escombros, dança que embala o ventre universal... E mesmo dançando para a vida o corpo insiste em ser cadáver, insiste em ser corpo cadáver, como se fosse incapaz de se reconhecer como a genuína fonte de toda a existência. Pobre corpo enrijecido pelas mentiras históricas, pelas verdades categóricas e dogmáticas que sempre foram apenas uma espécie de erro irrefutável que continua levando a humanidade à ruína. E por isso, elas continuam dançando, cantando, poetizando, arteando, inventando novos gritos que estourem os tímpanos de uma humanidade entorpecida. Evoéééééééé!!!

Não se visita um clássico para dizer o que já foi dito, para repetir pretensas verdades universais e imutáveis. Não visitamos o Sr. Willian Shakespeare para reproduzir meia dúzia de teorias sobre suas obras. Não nos interessa a múmia shakespeareana que foi criada para embalsamar as questões que só diziam respeito ao seu tempo e lugar. Nos interessa sim a fricção, a dialética, o embate com o homem Shakespeare, mas considerando o nosso tempo, o nosso lugar e as questões que nos atormentam. E, por isso, nos apropriamos e subvertemos o trono do "Rei Lear". Do Rei louco, que se confunde com o Bobo, fissuramos o trono, rasgamos o manto, rachamos a coroa... para criar Fenda que nos permita acender novamente a chama de nosso candeeiro chamado Teatro. E assim Camila Joplin, Carmem Virgolino, Lu Borgges, Silvia Luz e Tais Sawaki colocaram o "Bardo do Avon" contra parede para dele extrair o sulco de vida de seus ritos pessoais.

Ficha Técnica:

Elenco:

Camila Joplin, Carmem Virgolino, Lu Borgges, Silvia Luz e Tais Sawaki.

Canções:

Agbara Obirin - Adriana Rolin

Sri Nhsimha Pranama - Cantiga Vaishinava 

Saitá - Cantiga Popular Japonesa

Curawaka - He Yama Yo

Iluminação:

Sônia Lopes

Consultoria de Visualidade:

Aníbal Pacha

Direção:

Edson Fernando

Coordenação Geral de Pesquisa:

Cesário Augusto

Fotografias:

Danielle Cascaes

Fotografia em Plano de Fundo: Danielle Cascaes.

GITA - Grupo de Investigação do Treinameto Psicofísico do Atuante Belém - Pará - 2017.
Esta página é uma ação da tese de doutoramento de Edson Fernando, sob o título provisório ARQUEOLOGITA, sob orientação da professora Bya Braga. DINTER – UFMG/UFPA. 
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